Assim se passa mais um dia
A mesma merda de melancolia
Sem nada para fazer
Procuro em vão palavras para escrever
Mas estas parecem fugir
Com medo que a minha tristeza as possa atingir
E eu não as censuro
Zelam pelo seu futuro
Que possivelmente comigo se anteveria obscuro.
É apenas mais uma crise existencial
Como muitas que já tive, torna-se habitual
Uma rotina semanal
Que tarda mas não falha
Caio novamente na mesma malha
Neste tédio que me enxovalha
Que me abate mas não me destrói
Que não me mata, mas mói.
Não há dia de sol que me salve
Fecho-me sobre mim próprio como um bivalve
Recolho-me em busca de paz espiritual
Isolo-me no meu próprio espaço sideral.
Imagino-me na cauda de um cometa
Vendo o seu percurso da sua corrida sem meta
Observado por cada planeta
Invejado por se poder mover livremente
Correndo mesmo sem oponente
Solto de problemas
De maldades ou esquemas
Percorrendo a imensidão do espaço
Sem se preocupar se o tempo é escasso
Sem nada nem ninguém que lhe controle o passo.
Iluminado pelas estrelas
Deve mais que conhecê-las
Mesmo que a anos-luz de distância
São amigas da sua ancestral infância
Puras e sem arrogância
Inocentes, sem conhecer a ganância.
Desperto novamente para a realidade
Assento os pés no chão
E com toda a minha força de vontade
Digo não!
Não serei derrubado
Mesmo não tendo os meu amigos a meu lado
Vou erguer-me do chão
Levantar-me-ei com a sua compaixão
Ainda que distanciada
É pura e reavivada
A cada palavra de carinho
Retomo forças para seguir caminho
Cabeça levantada
Bateria carregada
Coração repleto
De amor e afecto
Cara sorridente
Felicidade eminente
Mente restabelecida
E assim, viver a vida!